segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O último grande clássico



Em setembro, o mundo reviu o maior combate da história do xadrez moderno: Karpov x Kasparov. Por trás da revanche entre o Maradona e o Pelé do tabuleiro, uma história de ofensas, quilos perdidos, colapsos, computadores, política e o fim de uma era...

por Rita Loiola
 Divulgação

Tabuleiro, peças brancas e pretas de madeira, dois oponentes de carne e osso. À antiga, o azerbaidjano Garry Kasparov e o russo Anatoli Karpov enfrentaram-se entre 21 e 25 de setembro, em Valência, na Espanha. A disputa comemorou o aniversário de 25 anos do duelo histórico entre os dois, últimos representantes humanos de grandes enxadristas, antes de programas como o Deep Blue ou Fritz derrotarem campeões nos anos 1990. Kasparov venceu por 9 a 3, provocando a mesma reação raivosa da época da Guerra Fria. "Como seres humanos, somos absolutamente distintos e opostos em qualquer assunto. Somos como Pelé e Maradona", disse Karpov.

Em 1984, na capital da então União Soviética, Kasparov, com 21 anos, disputou o título mundial com Karpov, detentor da honraria desde a década de 70. O jogo custou cinco meses, 8 quilos a Karpov, colapsos físicos e nervosos dos dois e acabou inconcluso. A direção do campeonato alegou perigo para a saúde física dos jogadores, mas os opositores do governo soviético viram na decisão um sinal de que Karpov, 33 anos e queridinho dos políticos, poderia perder. Kasparov, jovem e politicamente contrário ao regime soviético, representaria uma ameaça à estabilidade comunista. No ano seguinte, o duelo foi retomado, e Kasparov consagrou-se campeão mundial.

A rivalidade foi colocada à prova outras três vezes nesses 25 anos (duas derrotas de Karpov e um empate). Kasparov passou a desafiar computadores. Em 1996 venceu o Deep Blue, da IBM. Na época, previu que seria o último humano campeão de xadrez. Um ano depois, perdeu para um PC, em uma disputa polêmica. Alguns disseram que a máquina teve a mãozinha de um humano no final, outros, que é simplesmente muito desigual competir com um organismo que tem em sua base de dados mais de 700 mil jogos de grandes mestres. Mas o fato é que, desde a derrota, não surgiu nenhum outro grande enxadrista humano para roubar a fama de Karpov ou Kasparov. 

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